A Cancer in My Community é uma série de blogs da Cancer.Net que mostra o impacto global do câncer e como as pessoas trabalham para cuidar de pessoas com câncer em sua região. O Dr. Carlos Barrios é o diretor do Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG) em Porto Alegre, Brasil, que é composto por mais de 100 investigadores em mais de 70 instituições em 16 países da América Latina. O Dr. Barrios também é Diretor de Pesquisa Clínica do Grupo Oncoclínicas no Brasil. Ele tem um forte interesse na implementação de infraestruturas de pesquisa cooperativas na América Latina.

Por que eu cuido de pessoas com câncer

Achei que tratar o câncer seria um desafio incrivelmente interessante durante os meus anos de treinamento para me tornar médico. Fui atraído para a oncologia desde o início, porque muitos casos de câncer envolvem a maioria, se não todos, dos sistemas de órgãos no corpo. No entanto, o aspecto mais interessante da doença para mim na época, que continua a ser verdadeiro até hoje, foi as diferentes maneiras como as pessoas com câncer e suas famílias reagem à doença. Embora o campo da oncologia tenha evoluído significativamente nas últimas décadas e nossa compreensão dos mecanismos básicos da doença tenha melhorado de maneiras que pensávamos serem impossíveis há apenas alguns anos, as maneiras muito específicas e pessoais pelas quais as pessoas respondem a um diagnóstico de câncer continuam sendo, para mim, um grande desafio.  

De certa forma, a abordagem personalizada que usamos agora para tratar pessoas com câncer sempre esteve presente em nossa atitude emocional em relação aos nossos pacientes. Compreender como cada um deles reage à percepção de uma doença devastadora, mesmo que muitas vezes seu câncer seja tratável ou curável, é uma fonte de interesse contínuo para mim. A capacidade de ajudar a orientar os pacientes durante esse processo é, sem dúvida, uma das partes mais importantes e satisfatórias da minha carreira como oncologista. 

Como é o câncer no Brasil 

O Brasil é um grande país com mais de 200 milhões de pessoas com características geográficas únicas e enormes disparidades de saúde (em inglês).  Embora todos reconheçamos as diferenças internacionais na forma como as pessoas com câncer recebem cuidados, o Brasil em si é um exemplo que vale a pena analisar. Embora 25% da população brasileira tenha alguma forma de seguro privado, a maioria das pessoas é cuidada no sistema público, chamado Sistema Único de Saúde (SUS). A maioria dos seguros privados, embora não todos, fornece acesso a tratamentos de ponta para o câncer. O sistema público, no entanto, tradicionalmente não cobre os medicamentos para câncer mais novos e de alto custo. Por isso, tratar nossos pacientes com base nos resultados de estudos clínicos recentes, que mostraram melhoras notáveis nos resultados em muitos tipos de câncer, não é possível para a maioria da população do país.  

Embora este seja um problema complexo com uma variedade de fatores a considerar, a abordagem pessoal que adotei para minimizar pelo menos algumas dessas disparidades é desenvolver uma infraestrutura profissional e dedicada para conduzir e aumentar o acesso a estudos clínicos. No entanto, vale notar que apenas uma pequena parte dos estudos clínicos em andamento são acessíveis para a população fora dos países desenvolvidos. Na América Latina, apenas 5% dos estudos clínicos registrados no site ClinicalTrials.gov (em inglês) estão disponíveis. Embora reconheça que criar a infraestrutura e estimular a participação em estudos clínicos não resolverá todas as disparidades existentes no tratamento do câncer no Brasil, certamente trará esperança a algumas pessoas com câncer e suas famílias não apenas no meu país, mas às pessoas com câncer em qualquer lugar do mundo. 

Onde os pacientes podem encontrar recursos e apoio locais 

Vários sites brasileiros têm informações úteis para ajudar pessoas com câncer e suas famílias. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) tem muitos recursos disponíveis e oferece informações gerais sobre o câncer. O site Oncoguia também tem muitos materiais de apoio e educação para pacientes. Finalmente, informações sobre pesquisas e estudos clínicos no Brasil, incluindo estudos em andamento, podem ser encontradas no site da LACOG (em inglês) e no Projeto CURA

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